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A Profissão e a Solidão

Oii gente, mais uma semana quase chegando ao fim (aqui em Dubai no caso já chegou, pois o último dia útil é na quinta, haha), espero que estejam bem!

Não se assustem com o título do post de hoje, a intenção não é de forma alguma trazer tristeza para esse blog, muito pelo contrário, hoje vou escrever para vocês o que não se fala muito da profissão, mas é algo que vivemos quase que diariamente: a solidão. A minha intenção com esse post é contar sobre a real da profissão e também mostrar que a solidão, o ato de estar sozinho, não é nada ruim.



Bem, eu como filha única nunca havia me sentido sozinha, comecei a ir para a creche cedo porque meus pais tinham que trabalhar, e quando estava em casa sempre tive os meus pais presentes. Fui crescendo e sempre fiz amizades, algumas que duram até hoje, outras que foram se acabando com o tempo. Quando fiz intercâmbio aos 17 anos, senti medo, mas logo também não me senti sozinha, foi a época que mais fiz amizade. No trabalho, fiz amigos e trabalhei por uns 3 anos junto com a minha melhor amiga, depois a noite na faculdade, estava rodeada de amigas que nunca me faziam sentir a solidão.

Quando recebi a famosa golden call e aceitei me mudar para Dubai, comecei a me preparar para uma nova fase em minha vida, e na verdade não sabia muito o que esperar dela. Eu nunca gostei de dormir sozinha sem ninguém em casa, e pela primeira vez percebi que teria que encarar não só esse desafio, como muitos outros. Ás vezes temos o sentimento de que a solidão pode ser algo negativo, e acho que eu também pensei dessa forma por um tempo. Eu já tinha ouvido falar que a profissão pode ser bem solitária, mas foi vivendo na pele que eu entendi que não é nada ruim o quanto parecia na minha cabeça.

Para quem já é casado (a) ou tem família em sua base, ou seja, aqui em Dubai, ao voltar para casa a solidão tende a passar, pois você está na companhia de pessoas que gosta. Mas mesmo assim, a solidão na profissão ainda existe, já que quando estamos voando, geralmente voamos com uma tripulação que não conhecemos, de nacionalidades e costumes diferentes dos nossos. Quando chegamos em um país para o nosso layover, também estamos sozinhos no quarto de hotel, ou se vamos explorar aquele novo destino, se não vamos com as pessoas que acabamos de conhecer, vamos explorar sozinhos, tirar fotos e criar memórias muitas vezes sem estar na companhia de quem amamos. E sabe que no começo eu tinha muito receio disso, não sabia se ia conseguir me adaptar a essa nova realidade, já que agora moro há exatamente 12.219km de distância das pessoas que gosto.

E o que eu descobri é que é muito legal poder sempre trabalhar com pessoas diferentes em cada voo, chegar no seu quarto de hotel e ter aquela cama tamanho king só para você é um prazer inexplicável, poder explorar cada país sozinha e criar memórias para eu mesma (e claro, depois compartilhar com quem eu gosto) é impagável, e estando sozinha eu me sinto completa, me sinto bem. Ou seja, se isso é a solidão, me atrevo a dizer que gosto de estar sozinha. Pesquisando mais sobre o assunto, eu descobri que esse sentimento não seria na verdade solidão, e sim, solitude. Talvez eu devesse mudar o título desse post, mas como algumas pessoas chamam isso de solidão positiva e a palavra em si é mais conhecida por nós, resolvi deixar assim mesmo.

Claro que existem dias e dias, na maior parte das vezes não vejo problema em estar sozinha, e de fato até prefiro, mas existem dias que gostaria de estar sim na companhia das pessoas que eu gosto e que estão longe de mim, é uma questão de equilíbrio. Por exemplo, tem dias que tudo o que eu queria era chegar em casa depois de um voo e ter alguém me esperando para comer, ou alguém que eu gosto que chegasse e me trouxesse o meu cheeseburger favorito. E sim, eu posso chegar em casa, não ter ninguém me esperando e ainda assim, pedir no delivery o meu cheeseburger favorito, mas não é a mesma coisa, entende? É a intenção que está por trás, o ato de se sentir querido por outra pessoa e também estar na companhia dela.

Com a pandemia, eu vivi ainda mais a solidão/solitude, pois passei a maior parte do tempo aqui em Dubai, sem explorar países novos e longe da minha família e amigos. Graças ao advento da internet, mantemos o contato diário, mas não é a mesma coisa. Então como um passe de mágica, eu comecei a me desafiar na cozinha (quem me conhece há mais tempo sabe que eu não cozinhava nada, além de brownie e carne moída), e virou um dos meus hobbies preferidos, não sei como. Hoje em dia, cozinhar virou algo terapêutico, me distrai, me faz feliz, e ainda me alimenta 😂.

Resumindo, a profissão é sim solitária, terão dias que serão mais difíceis que os outros, mas assim como depois da tempestade vem o arco-íris, terão também dias melhores. Como todas as coisas tem o seu lado negativo, não poderia ser diferente com o trabalho. O que eu posso te falar é que a recompensa no fim de tudo vale a pena, graças ao trabalho, entre outras realizações, consegui trazer os meus pais para passar 20 dias aqui em Dubai com tudo pago por mim, e de quebra, quando eu chegava do voo, eles estavam aqui me esperando para comer ou oferecendo aquele meu cheeseburger favorito!

Entre "idas entre vindas", nos vemos em um próximo post 😘😘😘

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